
Evidentemente, essa descida é simbólica, já que representa um processo de introspecção. O percurso poderia ser uma subida ou um caminho plano. A jornada pelo Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, por exemplo, surte impressionantes efeitos sobre quem a faz.
No entanto, fundamentalmente, quando O Eremita percorre o caminho de volta, o passado fica em seu devido lugar. Para trás, ficam os problemas, os medos, os conflitos, as derrotas, mas também as conquistas, as alegrias, os amores, os prazeres. Tudo aquilo que já foi vivenciado passa a uma outra dimensão: a da memória que, por sua vez, pode ficar para trás, pode extinguir-se, lenta e definitivamente. Então, as vivências serão imagens de aventuras, lembranças de vitórias e superações, recordações de pessoas amadas, "causos" que merecem ser contados, sorrisos que se esboçam no rosto ou lágrimas que escorrem devagarzinho pela face.
O Eremita é um solitário, sempre. Sua única companhia é ele mesmo, sua história, sua memória consciente e, sobretudo, inconsciente. À medida que seu passado vai aparecendo, via lembranças ou situações com cara de "já-vi-esse-filme", as soluções vão surgindo junto, a oportunidade de cura chega junto com a consciência da doença.
A percepção de que uma tal situação é parecida com outra (já foi experimentada antes) é útil para que O Eremita reflita sobre suas decisões e ações anteriores e, assim, reescreva o texto da estória já vivenciada, decidindo de forma diferente e tomando outro tipo de atitude. Ao mudar o enredo, O Eremita pode salvar-se e, assim, transcender e passar a outro patamar no que se refere a determinado assunto.
Então, em seu próprio ritmo, seguindo seu própria percepção e com a devida concentração, O Eremita caminha...