Arcano 3 - A Imperatriz

15.8.08

Bare Necessities

Confio na Vida. Não me preocupo, apenas vivo. Sei que minhas necessidades, da menor à maior, serão atendidas, cada uma a seu tempo.

6.8.08

O Carro

Essa ida a Pirenópolis - e o passeio à Cachoeira do Rosário - está rendendo...

Nunca pensei que meu Celta 1.0, de 2002, fosse dar conta de um tal recado: atravessar uma macropoça dágua (ou seria um microlago?), ali chamada de riacho, bem no meio do caminho de terra que leva até a Cachoeira do Rosário.

Fiquei tão orgulhosa com o desempenho do possante, poderoso, que até tirei foto do meu valente carrinho. Antes, meu carro nunca tinha saído da urbe e já foi lá, com seis aninhos de vida, um "idoso", podemos dizer, meter-se numa aventura daquelas, própria de jovens robustos com tração nas quatro rodas... Quando muito, meu carro já tinha ido a uma chácara ou outra de algum amigo, por uns duzentos ou trezentos metros de terra... Mas nunca tinha atravessado uma porção de água daquelas, não! Nem nas mais intensas chuvas de Brasília, quando costumamos ter que enfrentar alguns pontos de alagamento. E eu, que nem sabia que meu carro era anfíbio....
Quando me vi diante daquele obstáculo, respirei fundo, diminui a marcha, engatei a primeira e fui, curtindo a paisagem. No caminho de ida, resolvi que quando voltasse tiraria uma foto, porque achei o máximo fazer aquilo no meu carro velhinho, baixinho, de motor mil, bem básico...
Assim é na vida, ensina-nos o Arcano VII, O Carro (ou A Carruagem, que é o que havia na Idade Média, cujo cotidiano castelar é retratado no Tarot). Os caminhos da Vida devem ser trilhados com firmeza, coragem e determinação. É necessário foco e, preferencialmente, é importante que se saiba onde se quer chegar e, por via de conseqüência, é indicado ter uma noção do caminho a ser percorrido.

Evidentemente, é possível que se saia de carro a esmo, como quando se sai a passeio, sem objetivo definido e descobrindo o caminho durante o percurso. Entretanto, isso não é o que acontece sempre, sobretudo porque o consumo despropositado de combustível não faz bem ao planetinha, nossa querida Terra, nem a algo muito mais comezinho: o bolso. Além do mais, há o desgaste do motor, dos pneus etc.

O Carro traz uma mensagem ligada à coragem, à determinação, à firmeza e ao foco (ou concentração, para quem preferir) e a metáfora do trânsito vem bem a calhar. Quando dirigimos, devemos estar descansados, livres de estresse, sóbrios e lúcidos, para dizer o mínimo. Nem sempre estamos descansados e o trânsito é, hoje, um dos principais fatores de estresse, especialmente nas grandes cidades. Isso já está acontecendo em Brasília, onde há muito veículo para pouca rua - e olha, as ruas daqui são super largas - e as vagas para estacionarmos os carros parecem sumir quando a cidade acorda...

Brasília, por exemplo, parece um grande autorama! Suas vias são bastantes amplas e convidativas à alta velocidade. O pedal do acelerador parece que pede para que nosso pé afunde mais e mais... Felizmente, somos regulados pelos "pardais" (aquelas câmeras que fotografam os veículos que trafegam acima da velocidade permitida).

Coragem é algo muito interessante. Sempre que nos sentimos intimidados ou com medo, sempre que deixamos de encarar as situações que se apresentam, perdemos a oportunidade de resolver os problemas, deixamos de exercer a criatividade, renunciamos ao poder.

Assim, O Carro também fala de êxito, vitória, reconhecimento público. Ele ensina que se a vida for conduzida sem hesitações e com decisão, sem medos que nos imobilizam, os objetivos têm grandes chances de serem alcançados. Claro, para isso, é importante haver algum planejamento e planejar significa, também, prever possíveis desvios de caminho, ter um "plano B" ao qual recorrer, caso o "plano A" venha a falhar. Entretanto, quando estamos preparados, mesmo os imprevistos não nos perturbam e, então, descobrimos que a situação inesperada pode ter sido, sim, providencial.

Convém evitar atalhos. Estes, muitas vezes, fazem as coisas saírem do controle e, daí, perdemos tempo e oportunidades, por querermos fazer "do jeito mais fácil". Vemos isso no trânsito: quantos acidentes poderiam ser evitados se alguns motoristas "espertinhos" evitassem os atalhos? Por atalho, não me refiro aos caminhos mais curtos, aqueles fora da via principal, pelos quais se encurta a distância entre dois lugares. Estes podem - e geralmente devem - ser adotados tranqualimente. É muito mais fácil e ágil usarmos os famosos "ctrl+c" e "ctrl+v" do que clicar em "editar" e depois em "copiar", daí em "editar" outra vez e em "colar". Refiro-me, por exemplo, a algumas manobras que certos maus motoristas utilizam no trânsito, como fazer conversões proibidas, ao invés de dirigir mais alguns metros até um local mais apropriado para retornar. Esse tipo de hábito, sabemos, deixam-nos muito mais vulneráveis a acidentes, alguns fatais.

Em se tratando de reconhecimento, O Carro, faz-e lembrar do filme Ben Hur, daquela cena em que ele retorna a Roma e é ovacionado. Depois de uma jornada intensa - e tensa - por sua vida, durante a qual enfrentou até uma corrida de bigas - ele conhece a vitória e é reconhecido como herói.

O Carro, então, descreve a jornada do herói. Daqui a alguns dias começarão as Olimpíadas de Pequim. Ouviremos, orgulhosos, o Hino Nacional tocar muitas vezes, vibraremos com a vitória de nossos ateletas, derramaremos emocionadas lágrimas junto com eles, ficaremos tristes quando perderem, como se a derrota fosse nossa, entraremos em contato com suas histórias de vida, quereremos ser iguais a eles, teremos consciência de que eles só podem estar ali, vencendo ou perdendo, porque têm coragem, determinação, disciplina, foco...

A jornada do herói - que, se olharmos bem, é diária - só pode ser realizada por pessoas resolutas. Supõe a superação dos obstáculos, das distraçõs, dos conflitos - internos e externos - que todos os dias aparecem serelepes, para que nos desviemos de nossos propósitos. Diariamente somos testados, provocados, fazemos escolhas - e toda escolha significa renúncia - somos obrigados a avaliar nossos potenciais e nossas limitações. Todos dos dias precisamos nos significar e ressignificar, desconstruir e reconstruir, rever nossos valores, enfim, reinventar o Ser... Não é fácil ser herói, mas é preciso conhecer o herói que trazemos em nós, para que nossa passagem aqui por Gaia tenha significado.

Então, quando penso no meu celtinha atravessando aquela enorme poça, fico feliz em saber que eu mesma já venci muitas jornadas.

2.8.08

A Imperatriz

Descer a trilha que leva à Cachoeira do Rosário, a 35 km de Pirenópolis, GO, não foi tarefa fácil. Consegui, entretanto, e fiquei feliz, porque descobri que sou muito mais forte - e maior - do que a fibromialgia que antes já me impedira de realizar muitas coisas.

Confesso que eu não tinha a menor idéia do que significava fazer uma trilha daquelas. Quando o Demócrito, dono daquele paraíso, falou que íamos com guia, imaginei que era para que não errássemos o caminho e quando ele entregou o cajado, imaginei que fosse porque o terreno é íngrime. Apenas isso. Lá fui eu, animada, trilha abaixo, sem supor que escorregaria várias vezes, ficaria arranhada, que meu joelho sentiria o impacto da descida e, sobretudo, não tinha a menor idéia de que vivenciaria uma aventura "radical" para esta pessoinha urbana.

Viva a antiginástica, que pratico há quase um ano e que me colocou no prumo outra vez! Descobri que minha musculatura aguenta essas paradas e - quem me conhece sabe o que isso significa - já estou pensando em novas aventuras do tipo.

Nessa foto, estou praticamente dentro de uma concavidade existente no paredão da cachoeira. Imagino que em época de chuva o acesso a esse local não seja lá tão fácil. Esse lugar fez-me sentir como se eu estivesse no útero da Grande Mãe. Aliás, senti-me A Imperatriz em pessoa, sentada sobre uma rocha trono, segurando o cajado cetro, feliz com minha soberania, auto-superação, extasiada com tudo o que eu via ali.

A Imperatriz, Arcano III, é a representação da Grande Mãe. Rege a natureza e todos os seres viventes e os reinos mineral, vegetal e animal. Rege Gaia - o Planeta Terra - e qualquer coisa relacionada ao meio ambiente. Ela é a senhora da ecologia, inclusive a ecologia humana, tão ignorada ou desprezada por muitos humanos.

A Imperatriz tem relação com a fertilidade, a exuberância, a energia vital, a expressividade. Também tem tudo a ver com o contrário disso tudo: a infertilidade, a escassez, a morbidez, a insipidez... Tudo depende de levarmos em conta duas coisas muito importantes: os ciclos naturais, que se sucedem inexoravelmente e exercem influência sobre nossas vidas; e o modo como agimos diante da vida e/ou nela interferimos.

A Imperatriz mostra a todos nós, continuamente, que o tipo de energia que eu gero é o mesmo tipo de energia que receberei. Se produzo fartura, fartura recebo e se gero escassez, não posso esperar outra coisa. Tão simples quanto não poder esperar que uma mangueira dê goiabas!

Por ser o arquétipo da Grande Mãe, A Imperatriz é nutriz e protetora, amorosa, terna, generosa. A Imperatriz educa e, por isso, também fala não e, embora seja piedosa, tolerante e paciente, sabe, também, a hora em que deve reprimir.

A soberania e a dignidade da Imperatriz são sagradas. Por isso, qualquer forma de desrespeito, egoísmo, mentira, falcatrua, falsidade, traição, deslealdade, usurpação, enfim, qualquer coisa que gere algum tipo de perda ao outro - ou a si mesmo - é contrário a tudo o que A Imperatriz representa e, assim, ela reage num ímpeto furioso contra quem a vilipendiou, retirando toda a abundância e oferecendo, em troca, a total escassez.

A Imperatriz ensina que a soberania só pode ser atingida pelo autoconhecimento e pelo amor-próprio. Isso, contudo, exige engenho e arte. Para chegar lá, experimentamos dor e tristeza, desprezo, amargura e angústias, perdas e desilusões. Mas não sempre. Experimentamos, também, doçura, ternura, afetuosidade, aconchego, respeito, paparico...

Há um segredo sobre esse Arcano: A Imperatriz rege os sistemas reprodutor feminino, especialmente o útero, e digestivo, especialmente o conjunto fígado-baço-pâncreas, assim como os rins, a vesícula e a bexiga e os intestinos delgado e grosso. A circulação sanguínea também está associada a esse Arcano que, também, rege os distúrbios emocionais (no passado chamados de histerias) e as somatizações deles decorrentes, especialmente quando atingem os órgãos por ele regidos.

A Imperatriz é o Arcano que rege meu nome e minha data de nascimento. Isso significa que é esse arquétipo que indica por onde eu vou e como me expresso no mundo. Minha gargalhada, solta, alta e plena, diz tudo.

O Louco

Há muitas explicações para o nome do Arcano 0 ser O Louco. A que mais me convence é a que associa O Louco ao Bobo da Corte. Como a maior parte da simbologia do Tarot está relacionada à vida castelar da Idade Média européia, esse personagem não poderia faltar. E quem era o Bobo da Corte?

O Bobo da Corte era uma pessoa que entretia o rei, a rainha e toda a corte, especialmente durante os banquetes (que não eram raros em épocas medievais), promovendo divertimento aos comensais em forma de dança, poesia, brincadeiras, jogos, mímicas, imitações... O Bobo da Corte era, enfim, um comunicador: um trovador, um menestrel, o bardo dos celtas.

Pessoas muito inteligentes, sagazes e cultas, os Bobos conheciam a arte da ironia e, de modo criativo, falavam as verdades em forma de anedotas, "causos", estórias, parábolas e, assim, mostravam as dubiedades e as incongruências da realeza. Pode-se dizer, então, que os Bobos da Corte eram a consciência da nobreza, sobretudo porque circulavam entre os vassalos - pessoas do povo, os plebeus - e sabiam o que se passava no reino, do lado de fora do castelo, tudo a partir do ponto de vista da gente comum.

Os bardos foram os principais responsáveis pela transmissão oral de sua cultura, especialmente da irlandesa. Eles driblavam as autoridades clericais cristãs, que queriam extinguir o conhecimento, as crenças, as práticas e os rituais pagãos, para impor a religião católica.

Os bardos (ou trovadores, ou menestréis) eram andarilhos solitários que iam de povoado em povoado levando ensinamentos em forma de divertimento. Nada traziam consigo, a não ser a roupa do corpo e, quando muito, algum farnel e seu instrumento musical preso aos ombros.

Assim é O Louco: um andarilho que carrega consigo apenas aquilo de que necessita minimamente. Em sua caminhada, expõe-se aos mais variados perigos e, porque corre riscos, vive grandes aventuras.

O Louco não tem raízes e, por isso, não se fixa em lugar algum. Sabe que tudo é passageiro e vive um dia de cada vez. Por isso, para muitos, ele não é confiável. Há pessoas que necessitam planejar, e ocupam-se antecipadamente de coisas que nem sabem se vão acontecer. Já O Louco vive dos imprevistos e confia, imaginem!, no imponderável. Isso deixa muita gente enlouquecida. Como, afinal, atreve-se ele a não dedicar momentos preciosos de sua vida vivendo uma vida que ainda não veio?

Na fábula da formiga e da cigarra, O Louco é a cigarra. Felizmente! É possível imaginar um mundo cheio de formigas nojentas, que andam por todo tipo de sujeira e ajuntam migalhas imundas e restos putrefatos em quantidade muito maior do que jamais poderão consumir?!

As cigarras sabem viver. Vivem intensamente sua curta vida. Cantam até explodir de tanto cantar. Nascem e morrem porque precisam dar sua mensagem!

Pode-se dizer que O Louco é a expressão da liberdade. Solto no mundo, sem nada que o prenda a coisa alguma - nem a quem quer que seja - O Louco habita em todos nós, ainda que, em alguns casos, de modo inconsciente. É importante que todos cuidemos desse Louco interior, que sabe dizer a hora de levantar acampamento e seguir viagem, que sabe viver uma vida simples, que se diverte e diverte os outros.

É nossa porção Louco, por exempo, que tira férias, que se desliga do relógio em busca do descanso e da higiene mental após um período, geralmente anual, de labuta diária. É O Louco que se arrisca em novas empreitadas quando o marasmo toma conta do cotidiano.

O Louco não teme o amanhã. Sabe que suas necessidades serão supridas, sempre. Por isso, não acumula mais riquezas do aquilo que precisa. Embora não seja exatemente perdulário, certamente não é pão-duro. Assim, O Louco é rico, porque tem tudo do que necessita e é feliz com o que tem.

O Louco não dá a mínima para as convenções e para os dogmas. Ele vive segundo aquilo em que acredita. Logicamente, isso incomoda muita gente. Para uns, ele é corajoso, para outros, debochado. Sua irreverência pode ser ofensiva, algumas vezes, ou divertida, outras tantas. Se por algusn é admirado - e até invejado - é por outros desprezado.

O Louco é polêmico, controverso, amado e odiado, a um só tempo. Por quê? Porque ele é o espelho em que vemos refletida a nossa verdade. Ele mostra aquilo que nos incomoda, revela coisas que precisamos saber, faz com que nos mobilizemos. Algumas vezes, O Louco logra êxito, levando-nos a mudar nossa atitude. Isso nem sempre é fácil. Aliás, na maioria das vezes é bem difícil. É isso, O Louco faz a diferença. Sozinho, mesmo.

28.7.08

O Eremita

No Tarot, o Eremita é um andarilho que se arrisca, como o Louco, mas com mais cautela. Por isso, caminha mais lentamente. O Eremita é O Louco que envelheceu (ou amadureceu, para quem preferir).
Sua caminhada é mediada por um cajado e sua trajetória iluminada por uma lamparina. Ambos têm a clara função de sustentar seus passos e indicar por onde pode ir.
A imagem de O Eremita é a de um senhor vestindo uma longa túnica escura, com capuz, no alto de uma montanha, segurando um cajado numa das mãos e uma lamparina na outra. Ele está prestes a iniciar a descida que o levará ao lugar de origem, mesmo que ele precise ir por outra trilha (ou picada).

Nessa jornada, O Eremita terá a oportunidade de rever o passado, podendo curar feridas, fechar ciclos, encontrar soluções para questões pendentes e, sobretudo, observar as situações com os olhos da experiência, maturidade, sabedoria.

O cajado é, então, importantíssimo, não apenas para indicar o melhor lugar onde O Eremita pode (ou deve) pisar mas, principalmente, para sustentar seu corpo, caso necessário. Apesar disso, O Eremita não está livre de uma escorregadela ou de uma queda, de arranhões e ferimentos, mas, justamente porque é previdente, se cair, levantará e se ficar ferido, poderá encontrar a cura.

Não importam quais sejam as condições atmoféricas sob as quais O Eremita caminha, o fato é que ele percorre sua estrada sob as intempéries. Não há abrigo, não há proteção, não há confortos ou comodidades, nem infra-estrutura. Nada. O caminho pode ser absolutamente árido, o sol pode ser escaldante. Também, ao contrário, é possível que faça frio intenso, que o céu esteja nublado, ou que haja neblina, chuva, tempestade, ventanias, neve. Por mais adversas que sejam as condições, no entanto, O Eremita deve prosseguir, mesmo que seja apenas para chegar ao fim de uma picada, de onde deverá voltar e retormar sua trilha. Ou seja, já que a descida é inevitável, O Eremita relaxa e desce...

Por outro lado, em seu percurso, O Eremita pode encontrar muita água, seja por um riacho que o acompanhe, seja por uma farta cachoeira. Pode haver muito verde, árvores frutíferas e flores, passarinhos e animais silvestres e, quem sabe, uma trilha já aberta por outros que deixaram as indicações do melhor rumo a tomar. De repente, pode ser que haja um pouco de sombra e um lugar onde se recostar.

Evidentemente, essa descida é simbólica, já que representa um processo de introspecção. O percurso poderia ser uma subida ou um caminho plano. A jornada pelo Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, por exemplo, surte impressionantes efeitos sobre quem a faz.

No entanto, fundamentalmente, quando O Eremita percorre o caminho de volta, o passado fica em seu devido lugar. Para trás, ficam os problemas, os medos, os conflitos, as derrotas, mas também as conquistas, as alegrias, os amores, os prazeres. Tudo aquilo que já foi vivenciado passa a uma outra dimensão: a da memória que, por sua vez, pode ficar para trás, pode extinguir-se, lenta e definitivamente. Então, as vivências serão imagens de aventuras, lembranças de vitórias e superações, recordações de pessoas amadas, "causos" que merecem ser contados, sorrisos que se esboçam no rosto ou lágrimas que escorrem devagarzinho pela face.

O Eremita é um solitário, sempre. Sua única companhia é ele mesmo, sua história, sua memória consciente e, sobretudo, inconsciente. À medida que seu passado vai aparecendo, via lembranças ou situações com cara de "já-vi-esse-filme", as soluções vão surgindo junto, a oportunidade de cura chega junto com a consciência da doença.

A percepção de que uma tal situação é parecida com outra (já foi experimentada antes) é útil para que O Eremita reflita sobre suas decisões e ações anteriores e, assim, reescreva o texto da estória já vivenciada, decidindo de forma diferente e tomando outro tipo de atitude. Ao mudar o enredo, O Eremita pode salvar-se e, assim, transcender e passar a outro patamar no que se refere a determinado assunto.

Então, em seu próprio ritmo, seguindo seu própria percepção e com a devida concentração, O Eremita caminha...

22.7.08

A Lua

Tenho experimentado o Nada, em alguns dia de recesso em Pirenópolis, Goiás.

Fazer Nada permite-me estar em contato com minha essência, de uma forma diferente daquela que consigo em Brasília, porque lá tudo é diferente.

Sou, como A Lua - o Arcano XVIII - muito intuitiva e, como A Lua, sou de fases, aliás, como todas as mulheres também o são, embora algumas neguem veementemente essa característica tão feminina.

No Tarot, A Lua é a terceira face da Deusa Tríplice. As três fases são as três idades da mulher: a fase crescente representa a Donzela, que é o Arcano II, A Grande Sacerdotisa; a lua cheia é a Mãe, que é o Arcano III, A Imperatriz; e fase minguante é Anciã, que é o Arcano XVIII, A Lua. Esta sou eu, posto que já tive menopausa.

Embora não me sinta para nada uma pessoa idosa - e não o sou - biologicamente já pertenço a essa classe muito interessante de mulheres sábias.

A Lua traz uma impressionante conexão com o Sagrado Feminino, que cultivo. É um Arcano muito associado ao culto à Deusa, especialmente por estar ligada aos rituais lunares, os esbaths, realizados no plenilúnio, que é a lua cheia.

A Lua é a regente do inconsciente - coletivo ou individual - e, assim, refere-se ao que está "oculto" da mente objetiva. Por isso, algumas pessoas associam esse Arcano ao mundo das ilusões e às falsidades, tramóias e embustes enngendrados na calada da noite.

Contudo, isso não é assim. A Lua permite a conexão do inconsciente com o consciente, revela o que está oculto, amenizando, nessa comunicação, os tons do texto que o mundo objetivo, "real", visível e tangível às vezes escreve de forma dura, seca e fria.

Nessa tarefa de revelar uma realidade que ainda não foi tornada consciente, A Lua utiliza lança mão de recursos como a clarividência e a clariaudiência; a percepção extra-sensorial; a precoginição; e a intuição, entre outros.

Ainda, a Lua refere-se a um importante conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung: a sincronicidade, que define acontecimentos que estão articulados entre si, não por uma relação de causa e efeito, mas por uma relação de significado. A essa articulação, Jung deu o nome de "coincidência significativa".

A sincronicidade é reveladora, mas é necessário que seja compreendida e essa compreensão, que Jung chamou de insight, deve ser espontânea, desprovida de racionalização.

Aliás, A Lua pode ser tudo, menos racionalização. Ao contrário, é sensibilidade, emoção, sentimento, cuja intensidade varia conforme a fase lunar.

Por isso o Arcano XVIII pede que se experimente o Nada. Porque a luz que vem de dentro, ainda que pareça ser o reflexo da luz que vem de fora, é a luz que realmente vale.

Blessed be!

Retomando

Depois de muito tempo de criação, estou retomando o blog...

Não tenho lá muita disciplina para manter um blog diário, mas estas são épocas de reeducação...
Então, mãos à obra.

30.12.07

Marcas do que se foi

Sempre é tempo de recomeçar...